exposição fotográfica
Ainda existe amor
por Eduardo de Moraes
curadoria de Liliane Giordano
dezembro de 2016
no Shopping San Pelegrino Caxias do Sul
Vivemos tempos líquidos, como bem definiu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. O autor, inclusive, fala de amor líquido. Afinal, nessa modernidade, até os sentimentos são efêmeros, são tão voláteis que escorrem por entre nossos dedos. Tudo muda o tempo todo, com pressa demais, rápido demais para se apegar, para perceber. Estamos em um momento que tudo é urgente, parece que não há tempo para as relações, para perceber o gesto, o carinho, o piscar dos olhos.
Sendo assim, devemos acreditar que o amor deixou de existir? De forma alguma. Ele ainda está por todos os lados. O que falta então é uma parada para percebê-lo. Falta-nos a calma para olhar ao nosso redor e querer criar raízes, querer nos conectar com o outro a nível corporal, físico, e não só por meio das redes sociais. Não é que o amor não existe mais. Existe sim, mas a gente deve prestar atenção, torná-lo tangível, não deixar que ele se torne líquido.
E a fotografia é justamente essa arte que representa uma parada no tempo, é um instante congelado. Assim surge a exposição “Ainda existe amor”, de Eduardo de Moraes. As imagens estáticas permitem, então, parar o tempo a fim de prestar atenção, para observar que o amor ainda existe. Em imagens cheias de delicadeza, Eduardo expressa por meio de cada pixel o amor real que existe entre casais.
Casais estes cheios de diferenças. Afinal, o amor não escolhe sexo, classe social, religião, idade. Não escolhe nem entre o belo e o feio, o bom e o mau. Vai além das convenções, das aparências, quebra paradigmas e borra fronteiras. O amor vai além da questão racional de ser líquido ou não. Está muito mais ligado ao gesto, ao carinho.
A ideia desta exposição é ir na contramão dos tempos acelerados que vivemos, é parar para observar, refletir. As frases soltas pelas paredes complementam o contexto. Pois a literatura também dialoga com a ideia de uma pausa, de calma, de concentração em uma coisa de cada vez. Os poemas trazem uma reflexão, conversando com as imagens propostas.
Fotografia é técnica, mas também é sensibilidade, é usar a intuição para captar os momentos mais ternos. Eduardo utiliza a sua percepção fotográfica para captar a intimidade que há em cada casal, para denotar o carinho que um sente pelo outro. Assim, fotografia e amor se misturam, se mesclam. É a arte traduzida em sentimento. É o sentimento que transforma a arte.
Curadoria Liliane Giordano