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Vislumbres da Noiva do Sol
uma jornada visual pela vida e obra da poeta Vivita Cartier
por Marcos Kirst
fevereiro a março de 2019
Museu Municipal de Caxias do Sul

Vivita Cartier se perpetuou pela sua poesia. Não apenas poesia escrita, mas a poesia que compunha muitos de seus gestos. Como no ato de costurar de volta nos galhos das árvores as folhas secas no outono como uma metáfora para a prolongação do sopro vital. Ou, ainda, se intitular a Noiva do Sol e ser sempre vista de branco, no lombo de seu cavalo Bergerac, cruzando as colinas de Criúva, no interior de Caxias do Sul, onde se instalou para tentar recuperar a frágil saúde devido a tuberculose. Tudo em vão: Vivita acabou falecendo aos 25 anos, tão jovem, tão frágil, e tão talentosa, uma vida que se esvaiu no duro solo da Serra Gaúcha, onde até hoje permanece seu túmulo. 

 

Tudo isso ajudou a criar o mito Vivita Cartier: seus escritos são escassos, apesar de marcantes e de indubitável beleza. A sua vida e a sua obra são unidas, e é impossível falar de uma sem falar de outra. Assim surge a exposição “Vislumbres da Noiva do Sol: uma jornada visual pela vida e obra da poeta Vivita Cartier”. Mais do que apenas viver a sua poesia, deixe-se carregar pelo universo particular da artista, flanando entre fotos, ilustrações, bordados, móveis de época, cartas e objetos lúdicos. E não esqueça de contribuir com o universo poético: um varal está a disposição para todos darem voz a seu lado mais criativo. 

 

Assim, no ano de centenário do falecimento de Vivita, a sua voz nos chega mais clara do que nunca, guiando nossas criações e inspirações. A mostra pretende mais do que iluminar a vida da poeta, da qual temos tão poucos fatos concretos. Aqui, imaginação e realidade são costuradas com fios firmemente entrelaçados, cuja única lei é expandir os universos poéticos. Os fatos que sabemos dela sempre foram poucos, é verdade, mas muito mudou na imutabilidade da morte. O escritor Marcos Fernando Kirst traz a luz muito da vida de Vivita que estava escondida até agora, com o lançamento da biografia “O Ocaso da Colombina”. É desta obra que a exposição “Vislumbres da Noiva do Sol” ganhou o seu ponto de partida. Mas ela foi costurada com outras mãos, como de Valdema Paganella Giordano, responsável pelos bordados e costuras, e Ernani Carraro, criador do design gráfico. 

 

Por fim, a ideia desta exposição é despertar nas pessoas a retomada da rima e da delicadeza das palavras. A poesia está em tudo o que nos rodeia, basta sabermos olhar. Queremos ainda instigar a retomada das cartas, a troca de segredos descritos em palavras, pois além da carga emocional que isso carrega, também é uma forma de perpetuar nossos sentimentos pelo tempo – tal como a voz de Vivita chega a nós hoje, quase um século depois, por meio de suas cartas e de seus poemas. 

 

Curadoria Liliane Giordano

 

vivita foto - credito julio calegari
Vivita e a sporta - acervo pessoal
exposicao Vivita Cartier Credito Liliane Giordano
exposicao Vivita Cartier Credito Liliane Giordano1
exposicao Vivita Cartier Credito Liliane Giordano2
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