exposição fotográfica
Retratos da Alma
por Ilka Filippini
curadoria de Liliane Giordano
novembro de 2017
em Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim - Casa da Cultura de Caxias do Sul
Somos diferentes. Quando cruzamos a soleira da porta de casa em busca de aventuras, na procura por conhecer o que o mundo oferece, atravessamos com a determinação de ir em busca do que não é igual. Seja em paisagens, comidas, costumes. Queremos ver, sobretudo, como as pessoas vivem. O que há no diferente que tanto nos fascina, nos aproxima, nos repulsa?
O que nem sempre estamos prontos a enxergar são as semelhanças. Há alguns aspectos que são intrínsecos à alma humana. E isso transparece mesmo sem nem trocar palavras em um idioma desconhecido. Transparece no rosto, na expressão. No olhar.
E olhar é o exercício proposto na exposição Retratos da Alma, de Ilka Filippini. Comece por estes retratos para enxergar o igual. O parecido que há em cada rosto, em cada expressão. Neste exercício de observar, a troca de olhares é mútuo. O retrato olha para você, que o olha. E assim, mais do que observar as diferenças nos traços, perceba as semelhanças na alma, nos desejos.
No jogo de tentar perceber o igual, somem as barreiras, as fronteiras. Somem os preconceitos. Desaparecem os julgamentos. Porque só se julga o que se interpreta como diferente.
A força das fotografias de Ilka reside nesta captura do olhar furtivo, na expressão que deixa escapar muito dos anseios da alma. Fica a impressão de que cada retratado está pronto para saltar da sua moldura e começar a conversar conosco, agora mesmo. É uma fotografia que brinca com a ideia de ser pintura, que ilude com o jogo de ser real ou ficção, que, mais uma vez, borra as fronteiras e constrói espaços para reflexão.
Reflexão esta sempre baseada na certeza de que somos todos iguais. As molduras, chamativas, remetem a ideia de valorização e nivelação de todos os seres que se encontram ali enquadrados. Não há distinção na vida, todos nós merecemos uma oportunidade de sermos pintados em nossas melhores cores, e exibidos como peças de arte. Porque cada alma é única, e merece as mesmas oportunidades.
Se somos únicos e exclusivos, também somos todos iguais. E, ao perceber isso, podemos reajustar nosso lugar no universo. Percebendo os outros seres que coabitam este espaço conosco, deixamos de ser o centro, e passamos a reavaliar nossos desejos cotidianos. Só o essencial se torna visível, então.
Curadora Liliane Giordano
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