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Carta aberta: considerações finais sobre a 9ª Semana da Fotografia de Caxias do Sul


Dizem que a Semana da Fotografia é da Prefeitura de Caxias do Sul. É o entendimento da maioria das pessoas que ouvem falar ou que participam do evento. E elas não estão erradas, quem financia mesmo é a Prefeitura. Mas falar que quem faz um evento é a Prefeitura dá um sensação de que ele cai do céu, ou que brota da terra, completamente sozinho. Essa ideia esconde o esforço humano, esconde o quanto cada pessoa que participou da organização da Semana da Fotografia trabalhou para que este evento fosse realizado.

Sobretudo neste ano de 2016. A Semana foi de fato construída com poucas semanas de prazo. Ainda mais dessa vez, o esforço conjunto se fez valer. Se não fosse a empolgação e dedicação, e também o otimismo para acreditar que poderia ser feito, não teria nascido, pela nona vez, a Semana da Fotografia de Caxias do Sul.

E esse número 9 simboliza muito mais que uma contagem. Significa que o evento já tem um background, tem um passado rico que não pode ser desperdiçado. Só por essa história, já valeria a pena batalhar para fazê-la. Não se pode deixar algo tão rico cair em um limbo devido a crise. Mas a batalha de muitos dessa equipe mostrou que há jeitos de se criar e recriar, inventar e reinventar um evento, mesmo em época conturbadas como a que vivemos.

Mas não é só pelo seu passado que a Semana da Fotografia de Caxias do Sul merece continuar viva. O evento é de extrema importância educacional para a comunidade. Com 21 atividades gratuitas, ele levou o aprendizado sobre a imagem de uma forma acessível e democrática a população. E não foram só palestras focadas em como tirar uma boa foto. A amplitude didática foi incrível, repercutindo em diversas áreas das artes visuais. Já dizem os teóricos que, em um mundo no qual vivemos, no qual cada um de nós se depara com centenas de fotos por dia, a educação visual – educar para a leitura da imagem – se tornou fundamental. Tem-se, agora, a noção de que o analfabeto do futuro será aquele que não souber ler imagens, conforme afirma o designer, fotógrafo, pintor e professor de design László Moholy-Nagy.

Alguns nomes foram imprescindíveis para a realização. Carine Turelly, Marcia Dall`Ago, Elenira Prux congregaram as unidades culturais da Secretaria da Cultura num esforço conjunto. Esta equipe, reunida, agregou força, dinâmica, disponibilidade, para impulsionar o evento e para transformá-lo em mais uma edição de sucesso. E, pela primeira vez, a Semana da Fotografia contou com uma curadoria, que estendeu o seu trabalho a toda a programação. Seu papel foi propor atividades com um fio-condutor bem definido, além de atentar para detalhes da organização, planejamento e logística do evento.

Para além das atividades, contou com 11 exposições fotográficas, reunindo um verdadeiro esforço de poder público e entidades privadas. Apesar de ter outras instituições que participam da Semana da Fotografia, ainda há uma longa caminhada a ser percorrida, para reunir de fato todos os que atuam nessa arte na cidade.

O grande aprendizado dessa Semana da Fotografia talvez seja o otimismo, seja o de acreditar nas ações coletivas e no potencial individual de muitos que contribuíram para este evento. Ameaçada seriamente de não ocorrer por falta de verbas, uma semana acabou tendo 13 dias. Sim, a Semana deveria se chamar Uma Semana e Meia de Fotografia. Mesmo que muitos afirmassem com convicção de que ela não tinha mais a chance de sair do papel, o evento se reinventou, e saiu muito mais forte para enfrentar o ano em que completa uma década.

Curadora Liliane Giordano

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