Chegamos a mais um solstício, este de verão, e com ele trazemos a terceira edição da Revista Sala de Fotografia!
Leia a revista na íntegra clicando aqui!
MANIFESTO REVISTA SALA DE FOTOGRAFIA Nº 3
Fazer esta revista tem sido um exercício apaixonante. Não só pelo resultado, mas por todo o processo, o caminho que percorremos para entregar o conteúdo que aqui se encontra. Somos uma escola de fotografia, e o amor pelo conhecimento está no nosso âmago. Aqui, cumprimos o que já se sabe de senso comum: quem ensina também aprende. Aprendemos muito para fazer esta revista, produzir todos estes textos, estas fotos. E amamos passar adiante o que está aqui dentro, abrimos nossas asas, expandimos para o mundo.
E abrir nossas asas cada vez mais, tal como uma borboleta saindo do casulo pela primeira vez, tem sido uma constância da Sala de Fotografia. Nestes dez anos completados e celebrados em 2017, reunimos cada vez mais atividades. Exposições fotográficas, curadorias, palestras, campanha solidária, diagramação, edição de fotos, fotografias de eventos, textos dos mais diversos. Amamos esse agito provocado pela curiosidade.
Mas somos múltiplas personalidades. Também amamos a calma reflexão que a absorção do conhecimento necessita. A calma depois da tempestade. Depois de dias intensivos em palestras, internalizamos o que aprendemos e produzimos então o conteúdo de nossas análises, baseadas em muito diálogo. E é uma conversa que não fica apenas entre nós, editoras, Liliane e Sabrina. Discutimos muito com nossos alunos, com quem nos acompanha nas expedições fotográficas. Porque os melhores debates são assim: cercados de pessoas, para ter uma grande pluralidade de conceitos, ideias e convicções. É no diferente que se avança.
Porém, nem só pela revista fazemos tudo isso. É mais ao contrário: a revista nasceu porque fazemos tudo isso. Nasceu como um lugar para colocar tudo o que aprendemos, todas as nossas atividades. Amamos o conhecimento por si só, pelo prazer de aprender, para além de uma lógica utilitarista. Porque o aprendizado é assim: nos engrandece sem nem a gente perceber. E temos, de novo, aberto cada vez mais nossas asas. Temos estudado para muito além da imagem, temos frequentado muito mais que festivais de fotografia. Tudo o que é conhecimento nos interessa, e assim temos ido a muitas palestras de diversas áreas, como literatura, psicologia, filosofia.
O processo de fazer esta revista revela-se como uma surpresa para nós mesmas, pois denota a nossa intensa produção neste semestre. Esta publicação acabou com centenas de páginas! Nem nós lembrávamos de tantas atividades. Culminamos tudo com a nossa já tradicional retrospectiva, que pontua o que fizemos de mais importante neste ano.
E assim concluímos que fizemos muito em 2017, como sempre. Contudo, sabemos que não foi um ano fácil para quem trabalha com arte, cultura, educação. Vivemos um momento muito conturbado destas áreas no país. Se em 2016 vimos a extinção do Ministério da Cultura - felizmente revertido - , neste nos deparamos com imensas discussões sobre os limites da arte e da censura. Mais localmente, temos visto com crescente preocupação o debate sobre o corte de verbas para a cultura. Devemos lembrar que cultura não é lazer: é educação. Ela faz com que as pessoas se insiram e compreendam o seu mundo, se apropriando de conhecimento e de espaços de sua própria cidade. Verbas para a cultura não significam engrandecer artistas em benefício próprio, mas sim investir em produtos culturais entregue pelos artistas – produtos estes que o governo não consegue fazer por si só. Mais do que gerar educação, ela age diretamente em níveis sociais, ao buscar inserir toda a sociedade.
Todos os projetos culturais têm contrapartidas fundamentais para a comunidade nas quais estão inseridos. Para citar dois exemplos rápidos, relembramos de exposições fotográficas que movimentaram o Museu Municipal de Caxias do Sul em 2016 sob a nossa curadoria, que promoveram muitas atividades com crianças e adultos – fazendo com que diversas pessoas visitassem pela primeira vez este espaço público de preservação de nossa memória coletiva. Uma delas foi a exposição “Coleção de Memórias”, no qual um coletivo de fotógrafos explorou os cinco sentidos de quem visitava o Museu, ampliando as ações educativas. Já a exposição “A Fé que Conduz: do Senegal a Caxias do Sul” de Marcia Marchetto, também com curadoria de Liliane, trouxe os imigrantes senegaleses para este local. Se os museus são os espaços que a comunidade negocia sua identidade, sem dúvida que atividades como esta fazem com que se quebrem estereótipos e preconceitos. Então, como aceitar que sua força possa ser reduzida por corte de verbas? Museus são conquistas da sociedade, e cortar verbas é regredir a um passado no qual se considera que apenas o trabalho engrandece o homem, sem lembrar que “a arte existe, porque a vida não basta”, como nos ensina Ferreira Gullar.
Se tem algo que aprendemos com tudo isso é que resistir é preciso. A Revista Sala de Fotografia, então, é o nosso ato de resistência. Até 2018!
Liliane e Sabrina.
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