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Exposição fotográfica "Singular" traz reflexão sobre identidade do povo brasileiro


A partir de hoje, 23 de março, quem estiver circulando pelos corredores da Justiça do Trabalho de Caxias do Sul poderá conferir a exposição fotográfica "Singular", da fotógrafa caxiense Rúbia Villa, com curadoria de Liliane Giordano. A série de 14 imagens, realizadas em Paraty, no Rio de Janeiro, convida para uma reflexão sobre a identidade do povo brasileiro e sua trajetória. A exposição conta com o apoio de Sala de Fotografia. A Justiça do Trabalho está localizada na Avenida da Vindima, 303, bairro Exposição, ao lado do Parque Getulio Vargas.

Apresentação:

SINGULAR “Não é a raça que cria o racismo. É o inverso: é o racismo que inventa a raça. Do meu ponto de vista, a maior agressão do racismo é anular a individualidade da pessoa, transformá-las em um “branco” ou um “negro”. O racismo vê raças naquilo que deviam ser pessoas singulares.” (Mia Couto – escritor moçambicano)* A exposição Singular, de Rúbia Villa, traz até nós uma narrativa visual capitaneada por um personagem. Ele representa uma cena que reflete a trajetória de milhares de um povo que tenta até hoje reconstruir sua identidade tão fragmentada devido ao contexto histórico. Identidade esta que é mesmo sempre tão mutável, independente de este ou aquele pertencimento a uma raça, ou local, ou país, ou qualquer sentido que criamos para a nossa existência. Mas que se torna um conceito ainda mais frágil quando prescinde de liberdade e comporta tantos estigmas sociais como o povo negro no Brasil. Rúbia Villa, que assina esta exposição, é uma fotógrafa entusiasta, que conserva o frescor da profissão e a paixão pela arte. É uma artista de muitas causas, e assim tem produzido imagens que deixam transparecer as suas convicções, como estas que compõem a exposição Singular. As fortes cenas capturadas por Rúbia neste século, fruto de um personagem, denotam o quanto a realidade deve ter sido ainda mais dura do que contemplamos aqui. E assim explicitam o quanto nenhuma compensação pode ser capaz de reparar esta trajetória histórico. Trajetória esta, contudo, que jamais deve ser esquecida. O que deve ser apagado de nossa mente é o conceito de raça, que acaba por criar o racismo, como muito bem sugere Mia Couto. Devemos para sempre lembrar que por trás desses grilhões que prendem um escravo bate sempre um mesmo coração, seja de um negro, seja de um gladiador na Roma Antiga. Somos todos de uma única raça apenas, a raça humana, cujo grito mais forte sempre será o de liberdade. Curadoria Liliane Giordano *Extraído de entrevista da edição de número 508 da Revista Planeta, de 01.04.2015. Disponível em https://www.revistaplaneta.com.br/mia-couto-e-o-racismo-que-inventa-a-raca/

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