top of page

Sala de Fotografia analisa: Circuito Viacolor 2018


A educação tornou-se uma das ferramentas mais poderosas, e o ensino não cabe mais apenas às escolas: as empresas notaram que também podem ter um papel ativo, seja para fidelizar clientes, conquistar novos negócios e/ou melhorar a qualidade de seu ramo. E é assim que os laboratórios de fotografia têm feito mais do que só imprimir imagens, e começaram a realizar congressos para auxiliar na atualização dos fotógrafos. Na terça-feira, dia 13 de novembro de 2018, participamos de uma atividade assim promovida pelo laboratório Viacolor. O Circuito Viacolor – 1º Master Class de Fotografia, trouxe palestrantes para falar de direção de modelos, edição de imagens e marketing. A Sala de Fotografia esteve por lá, confira um pouco do que rolou neste dia no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

Direção

O fotógrafo André Mansano deu uma verdadeira aula prática no palco da Master Class, ensinando dicas importantes para a direção de fotografias de casal. Sempre de um jeito irreverente, André, que é especialista em fotos de pessoas, ensinou como a foto começa muito antes do clique, na hora de entender e se conectar com o casal.

“A culpa da direção é nossa, precisamos parar de culpar eles, pois casal não é modelo. Costumamos dizer que os clientes são travados. Mas a culpa é nossa na direção quando não dá resultado. É você que tem que se conectar com eles. E isso muda tudo. Quando eu pergunto pra algum fotógrafo o que casal tem de especial, me responde que um deles manda, e só, não sabe nada mais. Você não está sendo importante na vida deles. Deveria ser lembrado por um dia sensacional. Deve partir da gente ser especial, pois eles estão apenas esperando fotos de você, mas se você for

especial para eles, eles vão lembrar.” André Mansano

Para Manzano, é importante observar atentamente os dois na conversa antes do ensaio: enxergar para além da classificação simplista bonito ou feio, mas realmente notar quais são os pontos fortes do rosto, se são os olhos, as sobrancelhas, o cabelo. Se a mulher mexe muito no cabelo, por exemplo, é porque este é um item determinante para ela – e assim, durante o ensaio, o fotógrafo deve estar atento e pedir para ela arrumar, se necessário, além de dar ênfase nas suas fotos.

“É preciso conversar antes do ensaio, para já ir pensando sem a câmera. Se ela diz amo rosa, procuro achar um jeito de inserir rosa em alguma foto. Conversando um tempinho já descobre muita coisa. A foto é só resultado do que eles são, e é só isso que importa. É sobre eles, não sobre nós, fotógrafos”.

André Mansano

O palestrante ressaltou diversas vezes que a direção é feita por voz, não é necessário arrumar o cliente nas poses tocando nele. Basta ir pedindo como você gostaria, e a pessoa se posiciona.

“O ser humano é programável, é só repetir algumas vezes que as pessoas entendem. Ninguém é tão burro quanto parece, não pode desvalorizar o cliente, pois ele pode saber mais. A ideia é respeitá-los, e a partir disso eles fazem qualquer coisa que você pedir: é desta forma que surgem fotos diferentes. Minha direção é lenta, porque preciso saber o que cada pose quer dizer pra mim. O que significa braço apontado em tal direção, por exemplo?” André Mansano

Edição de imagens

Ainda antes da fala de Mansano, o Circuito Viacolor teve como primeiro palestrante Henrique Ribas, referência nacional em Lightroom – ele é certificado como Adobe Certified Expert para Adobe Photoshop Lightroom. Para Ribas, a pós-produção começa na hora do clique. Ao chegar em um evento, o fotógrafo já deve estar atento a elementos que depois devem ser retirados no Photoshop, como placas, fios, copos. “Você precisa parar de pensar ‘depois eu edito’, pois isso significa muitas horas trabalhando no computador depois”, ressaltou.

O que o palestrante fala aqui se conecta com o nosso compromisso enquanto escola de fotografia. Defendemos o entendimento técnico e o exercício prático da fotografia para que a qualidade das imagens esteja cada vez mais excelente já na captura, antes mesmo de passar por softwares de edição.

Sobre fluxo de trabalho, Ribas também destacou que o Lightroom permitiu aos fotógrafos mais produtividade, o que significa mais tempo para pensar em outros aspectos do negócio. Afinal, a hora extra é constante para o fotógrafo, mas é importante inverter essa lógica. “Temos que controlar o tempo, senão o tempo vai nos controlar”, enfatizou. E, para ter um bom controle de tempo, é fundamental ter um processo organizado de trabalho.

“O pior fluxo de trabalho é aquele que você faz cada dia de um jeito. O pior nem é o errado, é um de cada, pelo menos faça a coisa errada sempre. Se um dia você seleciona as fotos no Lightroom com cores, no outro com bandeiras, depois com estrelas, nunca mais sabe o que fez. Se a cada dia baixa as fotos do cartão em uma pasta diferente, fica muito difícil achar depois. Anote os passos de seu fluxo, seja sincero, pra saber onde está errando, e onde pode melhorar”. Henrique Ribas

Ribas tinha vários bons exemplos para ilustrar do que estava falando. Sobre fotografar em Raw, ele explicou de uma forma muito didática a diferença em relação ao Jpg: se você tem uma esponja, e a coloca embaixo da torneira, ela fica cheia d`água, cheia de informação: isto é raw. Com essa esponja você sabe que vai poder lavar todas as dez panelas que precisa. Com o Jpg, seria o equivalente a você espremer essa esponja, tirando muita água – esse arquivo comprime a imagem e joga fora informação supostamente inútil. O Raw dá muito mais poder de edição do que o jpg. Mas isso não significa que não se possa fotografar em jpg, mas neste formato é ainda mais importante ter uma boa fotometria.

Outro bom exemplo que Ribas usou foi para explicar o quanto é difícil recuperar fotos de um cartão de memória quando ele já foi formatado. De forma leiga, explicou, formatar é como quando escreve a lápis numa folha, e depois apaga. Se for recuperar, até consegue ler algo no baixo relevo que o lápis produziu no papel. Mas quando escreve de novo por cima, é como quando clica de novo por cima desse cartão. Então, fica impossível de ler esse baixo relevo inicial.

O palestrante ainda deu dicas úteis de utilização do Lightroom, como a visualização inteligente, deixar a visualização das imagens em 1:1 na hora da importação para conseguir ser mais rápido o processo de carregamento das fotos depois, e utilizar sempre monitor calibrado, e nunca televisão para editar as fotos. Explicou que até mesmo as cores da parede da sala onde se está trabalhando conta: seria melhor paredes cinzas, com lâmpadas neutras.

Diagramações

No evento, a Viacolor disponibilizou diversos álbuns prontos de seus clientes. É uma forma de conhecer o trabalho de outros fotógrafos, e se familiarizar com os tipos de materiais possíveis para a impressão. No que se refere às fotografias destes álbuns, notamos cada vez mais o quanto é importante a atenção aos detalhes, como enquadramento e ângulo.

Os presets e filtros do Lightroom são uma ferramenta útil na edição das fotos, mas este é um recurso que deve ser usado com parcimônia, já que, às vezes, as fotos podem tender a um tom mais amarelado do que o comum. Além disso, é preciso destacar a importância de uma coerência na edição, cuidando para que todas as fotos de um álbum obedeçam a um mesmo padrão de tratamento.

Esse conceito vem de acordo com o que Sérgio Nogueira falou no congresso Go Image on Stage 2018: “Use presets - mas não fique refém deles, porque pode ficar carnaval. Em uma série de fotos, todas as imagens precisam seguir um mesmo padrão de cor. Não estou falando do que é bonito ou feio, mas de ser sempre uma mesma linguagem.”

Na diagramação, fotos bem grandes são uma excelente opção, mas “respiros” nas páginas são fundamentais, mantendo amplas margens brancas, fazendo assim com que a leitura das imagens seja facilitada. Também é preciso estar atento a qual foto ampliar, optando sempre pelas mais significativas e relevantes.

Outras palestras

A tarde na master class de fotografia trouxe Johnny Carvalho, que falou sobre marketing digital e as melhores estratégias para divulgar um negócio nas redes sociais. Ele ensinou um passo a passo prático de como criar anúncio, explicando as ferramentas do Facebook.

O próximo palestrante foi o fotógrafo Fernando Dai Prá, que contou a sua trajetória e como tem feito para se diferenciar num mercado bastante competitivo como o de Caxias do Sul. Ele exibiu até mesmo um vídeo de algumas noivas que foram suas clientes, que relataram seus pontos positivos. Atualmente, Fernando tem investido nos pocket álbuns, que ele imprime ainda na noite do evento e já entrega para alguns convidados do casamento.

As últimas horas do Circuito Viacolor trouxeram novamente ao palco Henrique Ribas e André Mansano. Ribas falou sobre algumas novas ferramentas do Lightroom, demonstrando o seu uso. Já Mansano falou sobre estratégias de vendas para alavancar a comercialização de álbuns e fotografias nos estúdios.

Conclusões finais

Há algumas dicas que costumamos ouvir em congressos, e com razão: é preciso conhecimento técnico, entendimento do equipamento fotográfico e principalmente estudo do comportamento da luz. Além, é claro, de tempo para estudar, refletir, parar e contemplar. Nisso, inclui-se uma boa conversa com o cliente antes de uma sessão fotográfica para definir e perceber com sensibilidade as nuances de cada retratado. Fica evidente a necessidade de mostrar ao cliente que deve haver tempo, dedicação e envolvimento para que ajam bons resultados. Quanto melhor for o resultado da fotografia, menos tempo será gasto com a sua edição. Tempo esse que pode ser dedicado a álbuns mais elaborados e à criatividade em novos produtos fotográficos para seus clientes.

Os valores do Circuito Viacolor estavam atraentes, revertidos em materiais de impressão no laboratório. Além disso, durante o dia ocorreram outras promoções bastante atrativas para o público.

A plateia tinha em torno de 250 pessoas, lotando o espaço reservado no hotel Plaza São Rafael. Iniciativas como esta da Viacolor são fundamentais para promover o crescimento em termos qualitativos da fotografia. Ser fotógrafo vai muito além da paixão e do talento: envolve muito estudo e dedicação para o aprendizado. Investir em educação é investir no futuro da fotografia, pois quanto melhor os trabalhos dos fotógrafos, mais fácil fica depois mostrar ao público leigo a importância de um profissional qualificado e da necessidade premente de imprimir as imagens e não deixá-las apenas no âmbito digital.

Texto: Sabrina Didoné (jornalista - 0018277/RS) e Liliane Giordano (mestre em Educação: arte, linguagem e tecnologia)

Fotos: Liliane Giordano

bottom of page