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Séries que todo fotógrafo deve ver: O Conto da Aia

Vamos começar falando da série O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale) de uma forma mais leve: preste absoluta atenção na fotografia de cada episódio. Para além do roteiro muito bem escrito, a fotografia da série é incrível: as cores, os ângulos inusitados, a beleza poética mesmo no caos fazem desta uma série imprescindível para todos os interessados em fotografia. Note o jogo de luzes, o caminho que a câmera percorre, as tomadas de cima – como se o espectador fosse onipresente, vendo tudo do alto. E preste atenção no jogo das cores dos uniformes das personagens: vermelho para as aias, verde esmeralda para as esposas dos comandantes, que formam uma uniformidade inesquecível na fotografia do seriado.


Vamos então à sinopse da série baseada no livro de mesmo nome da canadense Margaret Atwood: na história, fanáticos religiosos tomam o poder nos Estados Unidos e formam uma nova nação chamada Gilead. Eles se fortalecem a partir das crises e tomam o poder alegando proteção contra atentados terroristas. A poluição tornou infértil grande parte da população, e as mulheres capazes de dar a luz agora precisam servir de aias, sendo estupradas sistematicamente em cerimônias para conceder filhos aos comandantes. A protagonista June é uma aia, e é por meio dos olhos dela que entendemos o que acontece nesta nova sociedade. Às esposas oficiais, cabe o papel de serem mães destas crianças, mas proibidas de dar opiniões no que quer que seja. Livros se tornam proibidos: a punição por ler é cortar um dedo.


Mas essa tomada de poder pelos extremistas é tão sutil que as pessoas vão deixando as coisas acontecerem, lentamente, um decreto de cada vez, até ser tarde demais. Primeiro começa quando as mulheres precisam pedir autorização dos maridos pra comprar anticoncepcional. Depois as contas bancárias delas são passadas para o nome deles. Há protestos, mas as pessoas vão levando a vida como podem. Ficção, você diria? O mais duro é saber que a autora do livro se inspirou em muitas coisas reais que já aconteceram na História da humanidade para escrever a sua distopia.


A série O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale) é mais do que necessária neste momento mundial, e obviamente brasileiro, em que vamos deixando o medo tomar conta de nós como sociedade e assumimos discursos extremistas. As coisas estão ruins, é bem verdade, mas em outro tipo de regime tudo pode piorar. É esse o poder das distopias como O Conto da Aia, elas fazem com que a gente pare e reflita sobre a sociedade que vivemos. Assista a recém iniciada terceira temporada. Só prepare o estômago: as cenas são fortes e assustadoramente parecidas com o que podemos vir a nos tornar num futuro não tão distante assim. Vale assistir para refletir e questionar o ser mulher no espaço contemporâneo.




Texto: Sabrina Didoné (jornalista - 0018277/RS)



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